Compartilhar experiências sobre a prática docente é uma forma de pensar e agir sobre temas de Educação. A apresentação de ideias, projetos e ações realizadas por nossos pares pode inspirar, incentivar, problematizar a construção de outras e novas práticas, assim como propor reflexões, discussões e revisões das práticas atuais. Quando conhecemos a experiência do outro, por meio de seus relatos, abrimos possibilidades para vermos e compreendermos realidades diferentes da nossa. Isso amplia a nossa visão de mundo! Os relatos de experiências de professores que compartilham a realidade local – de sua sala de aula, de sua escola, de sua comunidade – nos dão subsídios para realizarmos reflexão crítica sobre os processos de ensino e de aprendizagem, o que pode contribuir positivamente para uma ação global: discutir a ampliação dos direitos a uma Educação de qualidade para todos. Agradeço às professoras Deize e Elisabete que se dedicaram ao trabalho de compartilhar experiências, possibilitando e enriquecendo, assim, as discussões desse Caderno.
A escola, um lugar de processos de ensinar e aprender, tem importante papel na formação de cidadãos críticos. Desde o início do Ciclo de Alfabetização, as crianças se envolvem em atividades que lhes permitem conhecer e pensar sobre a realidade que as cerca. A Alfabetização Científica inicia um processo de compreensão do mundo e de construção da cidadania na medida em que abre espaço para que as crianças se vejam como participantes e integrantes do Universo e se sintam encorajadas a discutirem e decidirem sobre questões a respeito da vida nos ambientes e do desenvolvimento tecnológico. Aprender Ciências na perspectiva da Alfabetização Científica ajuda as crianças com o “fazer ciência”, ou seja, a realizarem atividades científicas para explicação de fenômenos naturais e entendimento das formas e interação com a natureza, entendendo a construção do conhecimento científico e tecnológico como uma atividade humana historicamente contextualizada.
A Alfabetização Científica é um processo contínuo que acontece ao longo da vida. Pode iniciar e se dar na escola – espaço formal de Educação – e também fora dela, já que a educação não se restringe às práticas que se realizam no espaço escolar. É importante reconhecer que a escola não dá conta de garantir o acesso a todas as informações sobre ciência, tecnologia e sociedade. Por isso, é importante que o planejamento e as práticas docentes dos professores que ensinam Ciências considerem possibilidades que propiciem aos alunos condições para que aprendam também nos espaços não formais de educação, promovendo, por exemplo, visitas a museus, parques, planetários, indústrias, laboratórios etc., e desenvolvendo pesquisas sobre as coisas vivenciadas nesses lugares. Outros pontos importantes para a Alfabetização Científica são a utilização de diferentes linguagens, tais como literatura, cinema, história em quadrinhos, música, hipertexto (internet), desenhos e a realização de atividades lúdicas, tais como jogos, desafios, passeios e brincadeiras. Não podemos esquecer que estamos falando do ensino para crianças, que crianças pensam e aprendem como crianças. Crianças são curiosas, alegres, inventivas e inquietas, características que podem ser valorizadas em favor de um ensino de Ciências investigativo, participativo e atraente. Sempre é preciso adequar conteúdos, procedimentos e linguagem àquilo que é significativo e seguro para os alunos que estão no Ciclo de Alfabetização, considerando sua faixa etária, realidade e conhecimentos prévios.