Como vimos no texto anterior, os alunos chegam à escola com conhecimentos que estão presentes no contexto sociocultural em que vivem. No entanto, cabe à escola proporcionar a aquisição e a apropriação, de forma organizada e sistematizada, de outras formas de conhecimento, como o conhecimento científico. Destacamos que este possibilita aos alunos conhecimento do mundo, da sociedade e da realidade na qual estão inseridos, e a compreensão das transformações pelas quais passam a sociedade, a ciência, a tecnologia e o ambiente
Nesse sentido, atribuímos papel importante à alfabetização científica dos alunos, mas ressaltamos que esta tarefa não cabe somente à escola. Esse processo de escolarização no último ano do Ciclo de Alfabetização se consolida quando do desenvolvimento das capacidades de compreensão, análise, construção, associação, sequenciação, dentre outras, relacionadas aos eixos estruturantes da área de Ciências Naturais: Vida nos Ambientes, Ser Humano e Saúde, Materiais e Transformações e Sistema Sol e Terra. No desenvolvimento desses eixos e, mais especificamente, na apreensão de seus conteúdos pelos alunos, destacamos a importância atribuída ao trabalho docente.
O trabalho do professor alfabetizador, enquanto mediador desse processo de alfabetização científica, é fundamental, pois não se trata apenas de ensinar Ciências “para a escola”, e sim de ajudar os alunos a fazerem uso dos conhecimentos científicos em suas práticas sociais, ou seja, ajudá-los a mobilizar estes conhecimentos na resolução de problemas que se apresentam no contexto social.
Neste texto, buscamos refletir sobre a prática docente no ensino de Ciências Naturais, considerando o papel da educação e do ensino de Ciências, os saberes necessários à prática docente e os espaços não formais como possibilidade de organização didático-pedagógica no desenvolvimento da alfabetização científica.
A alfabetização científica nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Para iniciarmos nossas reflexões, é importante entendermos o que estamos denominando como alfabetização científica. Tomando como referência nosso primeiro texto, podemos falar de alfabetização científica como sendo um processo que articula domínio de vocabulário, simbolismo, fatos, conceitos, princípios e procedimentos da ciência e também relações entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente. Nesse sentido, o aluno cientificamente alfabetizado não somente domina os conhecimentos próprios das Ciências Naturais, como também faz uso destes em sua prática social na medida em que lê, compreende e expressa seus entendimentos sobre estas relações, evidenciando suas implicações em nível pessoal e social.
Podemos assim dizer que alfabetização científica é um processo de produção, sistematização e apropriação de conhecimentos científicos e tecnológicos fundamentais ao desenvolvimento dos alunos, para que possam participar ativamente, inclusive tomando decisões, da sociedade da qual são parte. Nesse contexto, reconhecemos a importância da educação escolar e também do ensino de Ciências no processo de desenvolvimento dos alunos desde o Ciclo de Alfabetização e adotamos como princípio a educação como possibilidade para a autonomia, favorecendo que o aluno venha a ser o construtor de seu próprio conhecimento, da sua história e da sociedade em que vive. Logo, a alfabetização científica deve proporcionar situações de aprendizagem que mobilizem os alunos para o entendimento acerca das relações entre teoria/prática; professor/aluno; conteúdo/forma, e ensino/pesquisa. Portanto, cabe perguntar: