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Se a informação era matéria-prima exclusiva da escola, já não é mais. Cada vez com mais frequência, as pessoas obtêm informações de espaços além da escola. Se, por um lado, a escola pode eximir-se, em parte, da tarefa de informar; por outro, precisa assumir a responsabilidade de preparar crianças, jovens e adultos para lidar com essa informação que chega em excesso. Como disse Peter Drucker (1962),

“não seremos limitados pela informação que temos. Seremos limitados por nossa habilidade de processar esta informação.”

Este é o novo desafio da escola, nessa sociedade da informação (sociedade informacional, sociedade do conhecimento, ou outro nome que aplicar a ela): preparar jovens e crianças para serem críticos com a informação, que vem de todos os lados, sob as mais diversas formas. A internet criou um novo mundo e a escola deve ajustar-se a ele para continuar sendo útil.

Fernando Almeida (2005), professor do Programa de Pós-graduação em Educação, da PUC-SP, afirmou que, na sua chegada à escola, o computador virou uma solução à busca de problemas na escola. Talvez o professor da PUC-SP tenha se inspirado em uma frase de Cedric Price em um button que foi muito popular nos anos 70 e dizia:

 

O computador foi mais uma das tecnologias
que, de alguma forma, chegaram à escola.

The history of technology in education apresenta uma breve cronologia das tecnologias que já foram utilizadas como suporte para a informação e, consequentemente, fizeram parte dos processos educativos.

 

Naquele momento, o computador encontrou um ambiente com práticas estabelecidas há muito tempo, num modelo de educação que essencialmente se conserva há mais de um século, apenas “recheado” com algumas tecnologias, essencialmente analógicas. Não é sem motivo que Andreas Schleicher, responsável pelo Programme for International Student Assessment (PISA), em entrevista à revista Veja, em 6 de agosto de 2008, afirmou que “as escolas de hoje aplicam conceitos idênticos aos dos colégios do século XIX”.

Tais práticas estariam arraigadas, inclusive, porque vêm sendo repetidas há muito tempo sem reflexões críticas mais profundas e, certamente, pela pouca disposição dos(as) professores(as) para abandonar o que chamamos de “zona de conforto docente”. Possivelmente, essa seja uma das razões pelas quais as “promessas” feitas quando o computador chegou à escola nos anos 1980 não tenham sido cumpridas. Esperava-se que, da mesma maneira que impactou outros setores da sociedade, como o sistema bancário, o computador promovesse profundas mudanças na escola. Com a máquina, o foco da sala de aula seria o(a) aluno(a), não mais o(a) professor(a). Com o acesso a novas e diversificadas fontes de informação, o(a) professor(a) assumiria novos papéis, deixando de ser aquele(a) que passa informação para virar o sujeito que cria e conduz estratégias de aprendizagem. E tudo isso contribuiria para a tão necessária melhoria da educação.

Mas o que se viu foi uma derrocada de ideias e exercícios de futurologia que, felizmente até em alguns casos, acabaram revelando-se como falácias: “o computador vai revolucionar a educação”, “os computadores substituirão os professores”, “os alunos estarão aprendendo em casa” e outras coisas desse tipo. Colocava-se sobre a máquina a “responsabilidade” pelo novo na escola, esquecendo-se de que a inovação ali dependeria de seus(suas) professores(as) e gestores. Como disse Mahatma Gandhi, "temos de nos tornar na mudança que queremos ver".

O computador e outras tecnologias, como a internet, não são a panaceia para os problemas da educação. Disso sabemos claramente.

Antes de tudo, os principais problemas da educação brasileira são de ordem social, política e pedagógica.

Por outro lado, o uso das tecnologias digitais não pode ser encarado como mais um modismo que toda escola deve abraçar. Como já foi dito, o computador pode “oxigenar” práticas pedagógicas. Mas, para tal, precisa ser visto como um instrumento de novas linguagens. Se não, será o (novo) instrumento para fazer a velha escola.

Contudo, o grande elemento definidor das práticas pedagógicas continua – e continuará – sendo o(a) professor(a). As tecnologias digitais serão usadas, ou não, nas escolas, dependendo do que decidirem seus(suas) gestores(as) e professores(as). As práticas com as tecnologias dependerão das concepções que professores(as), principalmente, e gestores(as) têm de educação e do papel das tecnologias na escola.

Possivelmente nada externo à escola conseguirá implantar tais tecnologias na educação. E, se conseguir fazê-lo, haverá o risco da sub-utilização, do uso sem sentido, de formas de ocupar os(as) alunos(as) com o computador e a internet que não agregam valor algum ao seu processo de aprendizagem.

O computador jamais substituirá o(a) professor(a), mas poderá ser uma ferramenta que o ajudará nas suas tarefas, qualquer que seja o modelo de educação adotado. E como é o(a) professor(a) com suas práticas quem determina a abordagem ou o modelo de ensino que acontecerá na sua sala de aula, as novas tecnologias servirão para realçar os pressupostos educacionais sustentados pelo(a) docente que as utiliza. Assim, esse instrumento tanto poderá ser incorporado como um elemento a mais, ajudando na conformação de um modelo conservador de educação que vigora há muitos anos, como poderá vir a ser um rico recurso em inéditos ambientes de aprendizagem, fazendo uma nova sala de aula.

O vídeo Bridging our future (2012), da Intel, aborda uma proposta de nova sala de aula a partir do uso das tecnologias. Vamos assistir?


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