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Luli Hadfhrer recentemente chamou a atenção para o fato do que chamaríamos “uso pelo uso” e do seu reduzido ou nulo efeito na construção do conhecimento. Em um artigo publicado no Caderno TEC, do jornal Folha de São Paulo, o professor de Comunicação Digital da Escola de Comunicações e Artes da USP pontuou:

 

“Ao cultuar as redes e os dispositivos tecnológicos em vez do conteúdo que abrigam, qualquer aura mística é redirecionada para os aparelhos e os aplicativos. Esse novo ritual não tem nada de arte nem de religião – é puro fetiche. Seu uso não encoraja o conhecimento nem estimula a descoberta. Pelo contrário, fixa suas vítimas a objetos e as escraviza” (HADFHER, 2013).

 

Esse uso “fetichizado” da tecnologia, desvinculado do conteúdo, acaba tornando-se uma espécie de vício e já passa a ser reconhecido como um distúrbio psicológico. A comunicação intensificada, pelo Twitter, pelo Facebook ou pelos “torpedos” nos telefones celulares, desencadeou a formação de uma corrente de estudos que poderíamos denominar, com um neologismo, de “cibercriticismo”.

Sherry Turkle, professora do conceituado Massachusetts Institute of Technology, em Cambridge, Estados Unidos da América, em seu livro Alone together, chega ao ponto de considerar como uma forma moderna de loucura o uso frenético dos computadores, dos celulares e da internet. A tese dessa pesquisadora é de que a tecnologia – ou seu uso “abusivo”, podemos assim dizer – estaria ameaçando dominar as nossas vidas e nos tornar menos humanos.

Sob a ilusão de permitir que possamos nos comunicar eficientemente, a tecnologia estaria nos isolando das reais interações humanas por meio de uma realidade virtual que, segundo Turkle (2010), é uma imitação medíocre do mundo real.

O excesso de informação permitido por tais tecnologias pode preocupar a todos(as) e deve encontrar resposta também na/da escola.

Outra questão que afeta a sociedade e tem– ou terá – implicações na escola é a cultura da convergência (convergência das mídias). Se antes poderíamos estar convencidos(as) de que o paradigma da revolução digital conduziria a uma substituição das mídias antigas pelas novas, quando o que os “velhos meios de comunicação passiva” (NEGROPONTE, 1995), como a TV e o rádio, sofreriam uma espécie de colapso, sendo substituídos pelos “novos meios de comunicação interativa”. Agora temos que reconhecer um novo paradigma, o da convergência, que presume uma coexistência de novas e antigas mídias interagindo de modos cada vez mais complexos (JENKINS, 2009), quando deixamos de ser apenas consumidor de informações e passamos a criá-las.

 

Hoje, qualquer um pode ter sua própria TV em um canal no YouTube, criar suas próprias rádios na web, publicar seus próprios jornais. Nessa cultura da convergência, falamos em inteligência coletiva (LÈVY, 2007) e em cultura participativa. Consumidores e consumidoras mudam seus perfis, e as empresas abrem-se para ouvir seus desejos. Surgem espaços recreativos informais nas redes, os quais tornam-se também ambientes de aprendizagem, que passam a ser valorizados por alguns educadores (JENKINS, 2009).

Discute-se como a escola lidará com as (novas) autorias, como permitirá o letramento digital para além da simples alfabetização para as tecnologias.  As tecnologias que inundam, como tsunamis, a sociedade, criam suas marolas nas portas das escolas.


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