A proposta da narrativa digital é combinar a antiga arte de contar histórias com os recursos das chamadas tecnologias digitais de informação e comunicação. Essas narrativas são elaboradas a partir da perspectiva de linguagens múltiplas e utilizam recursos multimídia (texto, fotografia, vídeo, áudio). A narração pode ser construída por meio de compilações de materiais disponíveis na rede ou totalmente elaborados pelo(a) contador(a) de histórias. Prontas, as narrativas são publicadas na internet e tornam-se acessíveis a muitos.
Se na narrativa tradicional a forma de comunicação é geralmente apenas a fala do(a) contador(a) de histórias, as histórias digitais são contadas por meio de linguagens digitais, criadas em computador e disponibilizadas na internet.
As histórias digitais podem variar em tamanho, demorando geralmente entre 2 e 10 minutos. Nesse espaço de tempo, consideramos o chamado ciclo de atenção infantil, que, segundo alguns pesquisadores, para os adultos é de 15 a 20 minutos e para as crianças, hoje em dia, parece ser menor, particularmente quando se trata de meios de aprendizagem visuais ou orais. Há quem diga que, atualmente, o ciclo de atenção das crianças duraria apenas 8 minutos, as grandes responsáveis por isso seriam a televisão e a internet.
Quando uma narrativa digital é aplicada à educação, é essencial que seja sempre algo significativo para o(a) aluno(a).
Apesar de seu atual destaque, a narrativa digital não é uma prática nova. Um dos pioneiros nessa, podemos dizer, arte é Joe Lambert, cofundador do Center for Digital Storytelling (CDS), organização sem fins lucrativos, hoje localizada em Berkeley, Califórnia, nos Estados Unidos.
No início de seu livro Digital Storytelling: capturing lives, creating commitment (2013), Joe Lambert coloca uma questão básica: “por que contar histórias?”
E ele mesmo responde à questão que formula:
Lambert afirma que somos perpétuos contadores de histórias, revendo eventos na forma de cenas revividas, pepitas de contexto e caráter, ações que levam a realizações.
Não se trata apenas de professores e professoras lançando mão de recursos multimídia para contar histórias: precisamos pensar na situação de nossos(as) alunos(as) transformando-se em contadores(as) de histórias digitais. Eles e elas usarão o computador para, por meio de linguagens múltiplas, contar o que sabem e o que aprenderam.
Exemplos bastante interessantes de como contar histórias utilizando tecnologias digitais e em pouco tempo, você encontrou nos vídeos a que assistiu no início desse tópico, dois deles com mesmo título, Our story in two minutes, e a abertura do sitcom, apresentado no canal Warner, The Big Bang Theory.
Joe Lambert usa o termo "stories". Na língua inglesa, a distinção entre "estória" e "história" ainda parece persistir. A "história" é entendida como uma descrição narrativa objetiva de eventos passados, enquanto que a "estória" é uma descrição narrativa subjetiva tanto de acontecimentos reais passados quanto fictícios.
Em Integração currículo e tecnologias e a produção de narrativas digitais (2012), um artigo muito interessante, Maria Elizabeth Almeida, da PUC-SP, e José Armando Valente, da Unicamp, apresentam uma experiência com o uso de narrativas digitais vivenciada por alunos e alunas de mestrado e doutorado na PUC-SP e expressam suas concepções sobre a integração curricular das tecnologias digitais de informação e comunicação.
"Sitcom", como registra a Wikipedia, é abreviatura da expressão "situation comedy" ("comédia de situação"). Essa expressão é utilizada para designar uma série de televisão na qual personagens comuns encenam, em ambientes comuns, como família, grupo de amigos(as) ou local de trabalho, histórias de humor. Um dos sitcoms mais famosos é a série Friends.
