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Tópico II - A Narrativa da Vida

 


Arte rupestre, Austrália

Crescemos com nossos pais e mães nos contando histórias. Depois, quando nos tornamos pais e mães, contamos histórias para nossos(as) filhos(as), embalando seu sono.

Contar histórias é uma característica universal e, como reconhecem os antropólogos e antropólogas, está presente em todos os países e culturas, ainda que, ao longo de boa parte do século XX, a narração tenha perdido um pouco de sua importância. Isto é, as narrativas acabaram perdendo espaço, como afirma Steve Denning (2012) em um artigo sobre a ciência de contar histórias, que foi publicado na revista Forbes. Para Denning, o contar histórias passou por uma espécie de eclipse no século passado, quando as narrativas passaram a ser vistas como infantis e triviais.

No seu artigo, Denning faz referência ao livro On the origin of stories: evolution, cognition, and fiction (2009), de Brian Boyd, que busca explicar a razão pela qual a atividade de contar histórias é tão poderosa. Boyd ajuda a entender o contar histórias como algo central na inovação, uma dimensão da performance crítica nas organizações no século XXI: histórias são uma espécie de jogo cognitivo, um estímulo e um treinamento para a mente viva.

Todos nós gostamos de ouvir uma boa história. Mas nosso cérebro reage de forma diferente às narrativas. Por exemplo, as pesquisas em Neurobiologia revelam que, quando ouvimos alguém que usa uma apresentação gerada no PowerPoint, ativamos as áreas de Broca e de Wernicke do nosso cérebro.

 

Quando nos contam uma história, as coisas no nosso cérebro mudam drasticamente. Como revelam as pesquisas, não são apenas as áreas de processamento da linguagem que são ativadas quando ouvimos histórias. Outras áreas em nosso cérebro são estimuladas enquanto lidamos com os eventos da história. Por exemplo, se o(a) contador(a) de histórias fala de uma comida gostosa, a parte do nosso córtex sensitivo  que processa informações referentes ao paladar é ativada, o mesmo acontece com a área do cérebro que lida com o olfatos, se ele(a) fala as palavras “lavanda” ou “sabão”, por exemplo.

O cérebro, pelo que as pesquisas evidenciam, não faz muita distinção entre ouvir o relato de uma experiência e vivenciá-la. Nesses casos, as mesmas regiões neurológicas são estimuladas.

Há muito tempo, sabe-se que ler um bom livro de literatura faz-nos melhores como seres humanos. A neurociência vem revelando que essa afirmação é mais verdadeira do que poderíamos imaginar. Ouvir histórias, assim como ler, faz bem.

Área de Broca e de Wernicke


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