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Tópico I - O Lugar da Vida

Busca e Pesquisa: É Preciso Diferenciar

Para realizar a atividade anterior, você precisou fazer uma coleta
de informações na internet relacionadas à chuva ácida.
Mas isso que você fez foi uma busca ou uma pesquisa?
Vamos refletir um pouco sobre isso?

 

Nesse momento, vamos pensar a respeito das diferenças entre fazer uma busca e uma pesquisa. Compreender essas diferenças irá facilitar seu trabalho como professor(a), bem como irá ajudar você a refletir sobre como direcionar esse tipo de atividade com os seus (suas) alunos(as).

No vocabulário inglês, existem as palavras search e research, que você provavelmente conhece. Em português significam, respectivamente, busca e pesquisa.  Vamos fazer uma visita aos dicionários para ver os significados dessas palavras.

No Cambridge Dictionaries Onlinesearch é “to look somewhere carefully in order to find something; to try to find the answer to a problem”, ou seja, olhar em algum lugar cuidadosamente, de modo a encontrar algo; tentar encontrar a resposta para uma pergunta. Observe que nessa definição de “search” não aparece a palavra “research”.

Ainda no Cambridge Dictionaries Online, research é a “detailed study of a subject, especially in order to discover (new) information or reach a (new) understanding”, ou seja, “estudo detalhado de um assunto, especialmente para descobrir (nova) informação ou alcançar uma (nova) compreensão”. Nessa definição de “research” não aparece a palavra “search”.

No dicionário Michaelis Online, busca é, entre outras coisas, “a ação de buscar; exame, revista; investigação, pesquisa”. No mesmo dicionário, pesquisa é “ação ou efeito de pesquisar; busca, indagação, inquirição, investigação”.

Em resumo, em português “busca” e “pesquisa” podem significar, como de fato significam comumente na escola, a mesma coisa. Assim, não é raro o(a) professor(a) solicitar aos(às) alunos(as) uma pesquisa na internet quando, na verdade, quer que eles(as) façam apenas uma busca. Mas busca e pesquisa podem e devem ter significados diferentes na escola.

No entanto, há muito tempo a pesquisa escolar tem sido muito mais a prática da pura e simples cópia de texto de terceiros que é apresentado/entregue ao(à) professor(a) para avaliação. Normalmente, o(a) professor(a) definia um tema, os(as) alunos(as) buscavam fontes de informação e copiavam os textos. Nos tempos anteriores à internet, a busca era feita em fontes diversas, como em enciclopédias.

Dessas fontes os(as) estudantes copiavam os textos que “virariam” o trabalho de sua autoria a ser entregue  ao(à) professor(a). Houve o tempo em que a cópia era feita de forma manuscrita, depois veio a datilografia e, com o computador, a digitação. Havia ao menos para o(a) estudante o trabalho “braçal” de preparar o texto que seria por ele(a) entregue.

Eis que surge a internet e coloca muito mais textos à disposição dos(as) estudantes. E, com as ferramentas de busca, o copiar do texto alheio acaba absolutamente simplificado, quase não dá trabalho. Inicia-se o tempo no qual a pesquisa para escola que é “elaborada” na base do copiar-e-colar  (copy-and-paste), a pesquisa do <CTRL+C> e <CTRL+V>.

 

Tirinha que ironiza o plágio na escola. (Fonte: Martins, 2010).

 

Por outro lado, nos tempos da internet, caso o(a) professor(a) tenha tempo – coisa que, sabemos, é rara – fica mais fácil para ele identificar as fontes das “pesquisas”, caracterizando ou não o chamado plágio. Mesmo que não conte com ferramentas sofisticadas para encontrar “a verdadeira autoria” do texto, uma busca bem feita no Google, por exemplo, poderá ajudar o(a) professor(a) a encontrar a fonte original do trabalho copiado.

A atividade de "pesquisa" realizada nas escolas restringe-se, frequentemente, a uma simples cópia de textos disponíveis na internet. A dúvida de como ou quando os(as) professores(as) encontrarão tempo para avaliar criteriosa e cuidadosamente o que lhes é entregue pelos(as) alunos(as) no cumprimento da tarefa estará sempre presente, notadamente quando levamos em consideração sua cada vez mais presente sobrecarga de trabalho. Muitas vezes, um(a) professor(a) consegue caracterizar a cópia apenas pela linguagem utilizada ou pela repetição nos trabalhos entregues, contudo, isso não é suficiente para caracterizar o plágio.

Mas, como você pode perceber, essa “pesquisa” escolar tem em si dois sérios problemas. O primeiro é que essencialmente ela não acrescenta em termos de aprendizagem; afinal, não é copiando e colando que os(as) estudantes aprenderão. O segundo é de ordem ética e moral, pois a cópia de material elaborado por outros, é  apresentada como algo produzido pelo aluno. Certamente, haveria benefício para a aprendizagem se os(as) professores(as) melhor orientassem as pesquisas escolares, dando instruções mais claras e mostrando aos alunos(as) que utilizar uma grande variedade de fontes é importante para a construção de seu conhecimento. Com um maior número de fontes, as chances de um trabalho ser plágio é bem menor.


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