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Tópico I - Pensar a Linguagem: a Grande Dúvida Geográfica

Ler a dinâmica espacial de uma cidade é, por exemplo, identificar a interação do relevo com a hidrografia e o sistema viário, os quais transcendem os limites fronteiriços de um bairro, de uma cidade, de um município etc. Não existe solução pronta e comum a todos(as). A questão é ler o lugar na interação com outros fenômenos, com outras escalas de regionalização no território. Nenhum lugar é fixo e isolado.

A geografia é uma linguagem que deve interpretar esses diferentes sistemas de referências para permitir aos envolvidos melhor se localizarem e se orientarem no mundo a partir do lugar em que se encontram.

O curioso é que, em muitas escolas, os(as) alunos(as) provavelmente não exercitam essa linguagem geográfica para pensar espacialmente a situação vivenciada por eles(as) no bairro. Vejamos um exemplo: 

Canalizar um córrego num trecho da cidade pode significar uma limitação de sua vazão na época de chuva, levando a enchentes. Colocar uma via de acesso rápido entre dois pontos extremos da cidade pode significar perda da qualidade de vida e inviabilizar as relações societárias e econômicas num bairro. Esses são alguns motivos que evidenciam a necessidade de buscar pensar outras geografias, permitindo criar outras formas de pensar a espacialidade que estamos construindo num mesmo lugar. Não é possível ler a dinâmica espacial restringindo-se a uma escala fixa e limitando-se a apenas um fenômeno.

Esse é um dos motivos que torna necessário imaginar outras geografias para fazer uso da linguagem geográfica buscando melhor entender os sentidos de localização e orientação dos fenômenos na sua dinâmica escalar. Desse  modo, permite-se a criação de outras formas de pensar a espacialidade para um mesmo lugar.

Cada um desses fenômenos relaciona-se com os demais na configuração de um lugar, a cidade. Mais uma vez, reforçamos que não é possível ler a dinâmica espacial de forma restrita e limitada a uma escala fixa e apenas um fenômeno.


 

Para refletir:

 

Bom, agora que já temos um parâmetro para pensarmos a linguagem geográfica, selecionamos o caso da transposição do rio São Francisco, maior projeto hídrico do Governo Federal, e propomos, a seguir, um exercício que visa experimentar um pouco desses referenciais abordados.

Qual o olhar geográfico do Estado, dos especialistas e da população a ser contemplada com a transposição do rio São Francisco? Como a população se sente com o projeto?

Quais as escalas desses fenômenos na definição das diferentes regiões de interesse e dos diferentes usos das águas do rio?

Quais os principais elementos espaciais que podem ser destacados para abordar essa questão? Quais fenômenos e em quais escalas eles acontecem? As vazantes do rio, a construção de canais e os interesses dos dirigentes municipais, estaduais e do Governo Federal são fenômenos? Quais fenômenos e em quais escalas eles acontecem?

 

Agora, vamos pensar na possibilidade de trabalhar a questão relacionada à transposição do rio São Francisco com o intuito de exercitar os diferentes referenciais geográficos que acontecem naquele lugar. Além do mais, conhecer diferentes olhares e opiniões é essencial para nos posicionarmos perante essa questão. Para isso, sugerimos a leitura de diferentes visões sobre a obra. Também apresentamos alguns vídeos que abordam essas distintas visões. 

Após assistir aos vídeos e ler acerca dos diferentes posicionamentos, questionamos: o que você acha das diferentes visões? 

A partir disso, tente identificar os referenciais geográficos e buscar compreender como eles configuram diferentes regionalizações, paisagens e dinâmicas espaciais que fazem do lugar “Canais de Transposição do Rio são Francisco” um fenômeno geográfico.

Caso você encontre alguma dúvida no percurso, volte ao texto do Douglas Santos (2007) sempre que for necessário. Além disso, busque mais informações na rede e em jornais e livros aos quais tiverem acesso.

 

 

Até mais!


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