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Tópico I - Pensar a Linguagem: a Grande Dúvida Geográfica

A partir da articulação territorial sob as condições da sociedade capitalista, a organização e o gerenciamento do território passaram a ser determinados pela figura do Estado-Nação. O que o Estado-Nação faz é exatamente o que as primeiras organizações societárias humanas faziam, só que dentro das condições tecnológicas e culturais atuais, que são muito mais complexas.

 

Para o Estado-Nação controlar o território, muitas vezes vastíssimo, com um conjunto populacional enorme e diversificado, ele estabelece um conjunto de ferramentas que visa uniformizar e fixar a dinâmica espacial. Tal uniformização idealiza eliminar a multiplicidade e complexidade da vida das pessoas, as quais, apesar de não mais viverem como os primeiros humanos, ainda exercitam os mesmos referenciais de pensar espacialmente o cotidiano de sobrevivência (como se deslocar na rua, para o trabalho, para casa, para comprar os produtos básicos etc.). 


 

Atualmente a geografia encontra-se eclipsada pela chamada geografia oficial, criada por especialistas como um conhecimento já estabelecido como único (científico), que não permite outras formas de pensamento espacial.

A geografia institucional (a produzida nas academias, nos escritores do Estado e reproduzida nas salas de aula) tornou-se um uniformizador da diversidade territorial da nação.

 

Nesse sentido, podemos salientar que, se antes o processo de identificação com o território se dava pela vivência direta, nos dias de hoje ocorre pela incorporação de informações definidas por especialistas e visa uniformizar o sentido espacial a ser valorizado. E mais: se anteriormente o controle do território se restringia ao alcance da visão e da força física humana, atualmente se dá pela incorporação de tecnologias de informação e controle, o que permite uma ampliação física do território e de novos mecanismos de identificação espacial.

 

 

 

Com o objetivo de padronizar a maneira de se pensar a espacialidade, automaticamente são negadas outras formas de se imaginar a geografia dos múltiplos lugares que constituem os sujeitos. Assim, quando o(a) professor(a) trabalha os conteúdos oficiais de Geografia com seus alunos – como, por exemplo, os materiais dos livros didáticos – está exercitando uma forma de pensar o território, a partir das necessidades de organização espacial do Estado-Nação, ou seja, está pensando o território de modo uniformizado. De todo modo, a questão não é que se deixe de trabalhar o pensar geográfico, mas sim que se deva trabalhar alguns conceitos, levando em conta não só os materiais oficiais, mas as vivências cotidianas dos(as) alunos(as). 

Diante desse conflito, a tensão se estabelece na sala de aula, cria-se um território fronteiriço entre o pensamento uniformizador a ser trabalhado pelos(as) professores(as) frente às vivências múltiplas atualizadas pelos(as) alunos(as). Quer dizer, quando os(as) alunos(as) chegam na escola, trazem uma variedade de experiências espaciais que não são qualificadas no contexto do trabalho escolar. 


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