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Tópico IV - Natureza e Ambiente: Perspectiva Geográfica

Retomando as discussões sobre as Orientações Curriculares para o Ensino Médio, podemos analisar que o documento sugere como abordar questões ambientais a partir dos processos de apropriação dos recursos naturais.

“Embora essas questões decorrentes da relação sociedade-natureza possam estar presentes nos demais itens referidos até agora, [...] o trabalho com a dimensão espacial dos fenômenos, implica, necessariamente, considerar o meio físico natural. O seu significado não se restringe mais às simples tarefas de elencar e descrever. Nesse tema, vale destacar a importância de se pensar o meio geográfico de uma dada sociedade como construção social.” (BRASIL, 2006, p. 58-59)

De acordo com a perspectiva do documento, a natureza deve ser discutida na Geografia a partir das condições em que se estabelecem as relações humanas na sociedade atual. Contudo, tal perspectiva oficial não garante que o trabalho do professor em sala de aula irá superar a tradicional divisão entre as condições físicas naturais e os aspectos sociais, nem a tentativa de fixar a localização dos fenômenos considerados naturais.


Após essas observações, voltemos ao vídeo História das coisas para comentar como ele explica a lógica do processo de degradação ambiental.

No vídeo, entre os minutos 8 e 10, há uma explicação de como os preços dos produtos que consumimos sofrem diminuições e como, de acordo com o mercado, isso incentiva ainda mais o consumo. Esse incentivo amplia a produção e a exploração dos recursos, e tanto os trabalhadores quanto a natureza – ao longo desse processo de produção de bens e mercadorias – são os que pagam pelo real preço do produto.

 

Além do mais, no momento em que o pequeno documentário demonstra que o preço do rádio comprado numa loja nos EUA é resultado da exploração do trabalho dos mineradores na África, dos trabalhadores de siderúrgicas na China, dos que atuam na exploração de petróleo no Oriente Médio, dos que transportam mercadorias nos navios e caminhões nas indústrias do México e do vendedor nos EUA, ele aponta que o processo de exploração do trabalho é articulado globalmente em cada lugar em que ele acontece.


A regionalização desses diversos fenômenos define a forma espacial do processo de produção do rádio, o qual territorializa os mecanismos de exploração, circulação e consumo de mercadorias. No entanto, no momento em que o rádio é colocado nas prateleiras das lojas, o preço acaba sendo baixo, já que os mecanismos de exploração de trabalho em todo o processo, e em cada lugar que ele acontece, permite que o lucro das corporações econômicas que participam do processo de sua produção, circulação e consumo seja garantido socialmente.

 

 

A questão, portanto, não é deixar de consumir esta ou aquela mercadoria como forma de resolver o problema ambiental e salvar a natureza. Em vez disso, devemos entender melhor essa lógica espacial, que se territorializa nos mais diversos lugares e produtos, envolvendo pensamentos, afetos e atitudes, de maneira a buscar linhas de fuga, de resistir politicamente e de criar outros projetos societários.

 

Por fim, o vídeo História das coisas apresenta alternativas de solução para essa situação crítica do sistema econômico. Vamos acessar a alguns materiais para podermos dialogar.

 

As soluções propostas passam pelos conceitos de sustentabilidade e equidade.

 

Essas medidas que visam ao processo produtivo se desdobram na ação principal que se dá no coração do consumo, na “seta dourada”. O vídeo, em relação a isso, sugere que a grande mudança nesse processo de destruição da natureza e de solução da crise ambiental encontra-se na ressignificação da mentalidade e da atitude do consumidor. Essa proposta, contudo, se torna simplista, uniforme e generalizante, uma vez que essa é uma questão que não depende somente de quem consome, mas de todo um processo espacial que se fundamenta no contexto social de exploração de recursos e mão de obra em nível global.

É lógico que, em certa medida, devemos criticar e mudar o consumismo desenfreado de nossa sociedade, porém a solução desse processo de lógica econômica que afeta a produção espacial do mundo não se restringe a mudar a postura consumista. Primeiro, porque não é a maioria da população mundial que consome nesse nível desenfreado; depois, porque, se alguém consome dessa forma, é por haver uma lógica produtiva que, pautada na grande desigualdade social e econômica em nível mundial, sustenta essa postura por via da concentração de riqueza nas mãos de poucos e em alguns lugares.

 

Vejam, por exemplo, os dados sobre distribuição da riqueza mundial. O que eles nos apresentam?

 

 

Analisando a pirâmide, podemos dizer que 0,7% da população mundial tem um poder de compra superior 14 vezes a mais que 68,7% da população. Isso quer dizer que o problema não é só de consumismo, mas esse consumo é, sem dúvidas, profundamente desigual em nível global.

 

 


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