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Tópico II - Derivas Minoritárias da Geografia Maior

Se antes o rio em área urbana era problema para alguns(mas), será que agora ele é um problema para todos(as)? Para quem joga dejetos em suas águas, ele é um problema ou uma solução? E, se ele não era um problema, por que o canalizaram e o poluíram? 

 

Esses questionamentos, geralmente, não são elaborados por quem almeja a solução definitiva do problema nem pelos que são considerados seus causadores. Assistam ao vídeo Ribeirão Quilombo (2008), que tem por fim divulgar as ações que a prefeitura de Americana e a sociedade civil estão implementando para salvar o Ribeirão Quilombo, um dos cursos hídricos poluídos da região de Campinas, que foi estudado pelos participantes do projeto aqui abordado.

As ações descritas no vídeo devem ser apoiadas e incentivadas na escola e na vida cotidiana; mas, da perspectiva geográfica que estamos aqui apontando, percebemos que o vídeo não discute o sentido espacial do fenômeno abordado, apenas constata que o ribeirão está bastante poluído, que as indústrias e a população ribeirinha poluem-no e que temos de nos conscientizar para salvá-lo.

Retirar a população ribeirinha, tratar o esgoto e multar as indústrias que persistem poluindo são ações necessárias, mas não atacam a lógica da produção territorial urbana que fez tudo isso acontecer. Tais medidas evitarão que novas camadas sociais carentes sejam jogadas nessas ou outras as áreas ribeirinhas para estabelecerem suas moradias? Evitarão que outras indústrias e oficinas, que precisarem diminuir seus custos, joguem de forma clandestina seus dejetos nesse ou em outro rio?

 

 

Ao considerar esses questionamentos, percebemos que discutir a problemática ambiental só tem sentido se levar em conta o contexto da lógica de produção do território urbano, isto é, se analisar os modelos societário e econômico que fundamentam esse processo de desenvolvimento espacial dominante. Diante disso, não podemos mais nos contentar com respostas já prontas e generalizantes, institucionalizadas e facilmente reproduzidas em nossas aulas.

Nesse sentido, essa atividade dos(as) alunos(as) sobre a poluição do ribeirão não pode se restringir a apenas o eixo sobre questões ambientais, mas só pode tomar sentido geográfico na articulação com outros eixos e conceitos, como apontam as Orientações Curriculares para o Ensino Médio:

 

 

“Embora essas questões decorrentes da relação sociedade-natureza possam estar presentes nos demais itens referidos até agora, para a ciência geográfica são temáticas caras, no sentido de que o trabalho com a dimensão espacial dos fenômenos, implica, necessariamente, considerar o meio físico natural. O significado desse não se restringe mais às simples tarefas de elencar e descrever. Nesse tema, vale destacar a importância de se pensar o meio geográfico de uma dada sociedade como construção social, [...]. Estudar o lugar pode levar à compreensão de como os processos de globalização interferem em nossas vidas e na organização do espaço e à capacidade de reconhecer a identidade e pertencimento dos sujeitos como autores de suas vidas e da produção do seu espaço” (BRASIL, 2006, p. 58-59).


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