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Tópico II - Derivas Minoritárias da Geografia Maior

Como podemos criar novos caminhos de relações educacionais?

 

Não existe modelo ou programa de como fazer isso, é uma questão de política espacial, ou seja, de se posicionar no território elaborando referenciais geográficos que permitam melhor se localizar e se orientar no contexto dos fenômenos que ali acontecem. Cobra-se, portanto, pensar outras imagens espaciais para o lugar, no caso em questão, para a escola.

 

É nesse contexto que entra a discussão proposta pelo professor Wenceslao Machado de Oliveira Jr., no texto de introdução ao dossiê denominado A educação pelas imagens e suas geografias (2009). Nesse artigo de apresentação, intitulado “Grafar o espaço, educar os olhos. Rumo a geografias menores”, ele agencia alguns elementos interessantes para a discussão do sentido do trabalho com imagens e da sua potencialidade para abrir linhas de fuga rumo ao devir-menor da geografia na escola. O autor, ao fazer uso do texto de Ana Godoy (2008) sobre as ecologias menores, substitui o termo "ecologia" por "geografia", reforçando o sentido dessa minoridade frente ao discurso maior dessa outra linguagem científica.

 

 

Oliveira Júnior (2009), ao categorizar os artigos que apresenta como um ato produtor de geografias menores, concorda com Godoy (2008) quando a autora reconhece que

"[para que] as noções criadas pela [Geografia] maior se tornem temas, pequenas peças que em vez de significar [...] funcionam, como numa máquina: o que se faz é desmontá-los para extrair outras e novas tonalidades – fazê-los variar –, de maneira que a máquina, tal como Deleuze e Guattari a concebem, seja [...] menos uma crítica do que uma potência analítica das forças em combate." (GODOY, 2008 apud OLIVEIRA JÚNIOR, 2009, p. 26)

O que se coloca para nós é que trabalhamos e vivenciamos uma linguagem maior, numa escola maior e num discurso científico maior. Se não é possível fugir desse contexto espacial em que nos encontramos, é nosso papel fazer com que essas forças, as quais se colocam como únicas, variem na direção de uma espécie de máquina de referenciais que não apenas neguem e critiquem o instituído, mas também potencializem análises criativas, instaurando as possibilidades de algo novo surgir no combate ao que nos oprime e cerceia.

Todas essas derivas buscam apontar devires possíveis para o pensamento geográfico a partir da potência que a mirada sobre as imagens traz até ele, atravessando-o com novas possibilidades de criação. Oliveira Júnior (2009) está apontando para a força que as imagens têm de estimular outros pensamentos espaciais no contexto escolar, é o que queremos destacar quanto ao sentido da geografia menor: instaurar derivas no sentido disciplinador, maior e autoritário da escola e da ciência atualmente; abrir espaço para "novas possibilidades de criação" (OLIVEIRA JÚNIOR, 2009, p. 27), de leituras e de ações espaciais, não mais apenas reproduzindo o já dado e institucionalizado, e sim buscando as linhas de fuga na direção de novas relações no contexto em que nos encontramos.

Ou seja, produzir geografias menores é uma atitude política que exige saber localizar-se no contexto da atual territorialidade escolar e do fazer científico para, a partir disso, criar referenciais de orientação na busca por outros caminhos possíveis para a educação, a ciência e a geografia.

 

 


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Para refletir - De que geografia se trata?

Finalizando essa primeira parte do tópico, vamos propor uma atividade para você trabalhar alguns aspectos dessa questão sobre linguagem menor/maior. Acesse a descrição do projeto pedagógico, Crescimento urbano em Campinas, água: distribuição e poluição (SOARES; MORETTO; VON ZUBEN, 2013), realizado por alunos(as) e professores(as) do Ensino Médio da Escola Estadual Aníbal de Freitas, localizada no município de Campinas–SP, e analisem o que foi desenvolvido. O projeto aborda o problema ambiental do ribeirão do Quilombo e procura uma abordagem multidisciplinar que envolve as disciplinas de Geografia, de Língua Portuguesa e de Química. A análise que propomos fazer deve detectar como se dá a produção do território da cidade de Campinas.

 

O projeto mencionado pode caracterizar-se como geografia menor?

 

Volte aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino Médio (BRASIL, 2006), no volume três, na parte que trata da disciplina de Geografia, leiam o item "3.2 Eixos temáticos: articulação entre conceitos e conteúdos" e comparem-no com a atividade realizada pelos(as) alunos(as). Depois, procurem responder:

  • em qual(is) eixo(s) temático(s) a atividade realizada pela Escola Estadual Aníbal de Freitas melhor se encaixa?
  • como fazer a articulação dos conceitos e dos conteúdos desse(s) eixo(s) temático(s) com as atividades realizadas pelos(as) alunos(as)?
  • os PCN, na abordagem que propõem, podem ser caracterizados como um estímulo à produção de geografias menores? 

Bons estudos!


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