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Tópico II - A Narrativa da Vida

Wikipedia

O exemplo de enciclopédia genérica que agora nos interessa é a Wikipedia, mais especialmente a sua versão em português, a Wikipédia.

A Wikipedia, lançada em janeiro de 2001 por  Jimmy Wales e Larry Sanger, é o projeto de uma enciclopédia multilíngue, de uso livre, disponível na internet, escrita de forma colaborativa por diversos voluntários ao redor do mundo.

Administrada pela Fundação Wikimedia, uma organização sem fins lucrativos, contava, em maio de 2014, com mais de 30 milhões de artigos, em 277 idiomas, dos quais 825 mil em língua portuguesa, e tinha se tornado a mais popular obra de referência geral da internet. Apenas em língua inglesa, são quase 4,5 milhões de artigos.

O nome Wikipedia, criado por Larry Sanger, combina a palavra “wiki”, que no havaiano significa  "rápido", com o termo enciclopédia. É importante lembrar que “wiki”, hoje, também significa uma tecnologia para criar sites colaborativamente.

Embora muito utilizada por estudantes, a Wikipedia ainda é olhada com desconfiança por diversas pessoas, incluindo professores(as). Isso porque se coloca em dúvida a  confiabilidade de suas informações, afinal, é uma enciclopédia on-line, cujos verbetes, em sua maioria, podem ser editados por qualquer pessoa que tenha acesso à internet mediante um simples cadastro prévio. Sem contar o risco do vandalismo, ainda que existam pessoas que atuam colaborando como guardiãs das informações.

Uma pesquisa, cujos resultados foram publicados na conceituada revista Nature, envolveu especialistas que compararam a Enciclopédia Britânica e a Wikipedia em 43 artigos relacionados às ciências. Foi constatado, em ambas, uma série de erros factuais, omissões e afirmações equivocadas. Na Wikipedia, foram 162 problemas dessa ordem, enquanto, na Enciclopédia, Britânica foram, 123. Isso significou uma média de 2,92 erros por artigo na mais conceituada enciclopédia do mundo, e 3,86 na Wikipedia. Seria isso motivo suficiente para deixarmos de lado a contribuição que a Wikipedia traz, mesmo considerando a possibilidade de acesso fácil e gratuito? Certamente não, exceção os que não a conhecem.

Impedir o uso da Wikipédia em sala de aula é perder uma oportunidade de aprendizado que busca um olhar crítico, cauteloso e ciente de que as informações disponíveis na Wikipédia podem ser questionadas e verificadas. 

Lima (2006) afirma que quando o(a) internauta faz buscas na Wikipédia e lê os textos que lá estão publicados, ele(a) apenas reage aos comandos do sistema. No entanto, quando atua na construção dos textos, ele(a) acaba também interagindo com outros(as) usuários(as) que fizeram alterações no texto de forma colaborativa. A Wikipédia, assim, acaba possibilitando uma comunicação assíncrona entre os(as) usuários(as), visto que, quando há alterações frequentes, os(as) interagentes acabam sendo incentivados(as) a justificar suas modificações.

 

 

A tabela a seguir mostra o histórico de edições do verbete Seleção Natural na Wikipedia. O que mais chama sua atenção?

Captura de tela realizada em 3 de dezembro de 2014 do histórico de edições do verbete Seleção Natural na Wikipedia

 

Perceba que pelo histórico de revisões é possível identificar a data de criação do verbete, o número de autores(as), o número de edições e a data da atualização mais recente.

Que tal você dar uma olhada agora e ver se esses números foram alterados? Clique aqui.

Será que sem essa possibilidade de escrita colaborativa digital seria possível que 214 pessoas participassem da elaboração de um verbete?

 

Esses dados da tabela fazem com que seja possível refletir sobre algumas potencialidades do uso da Wikipedia e também sobre como o conhecimento está em constante construção. 

Esses dados revelam o que Alex Primo (2003) afirma:

"o sistema wiki veio permitir não apenas a reunião de dados, mas a própria geração de novos conhecimentos de forma compartilhada entre diferentes sujeitos, a qualquer tempo e de qualquer lugar. Ou seja, não se trata apenas de uma ferramenta de indexação e formatação, mas a criação de um espaço de debate e sintetização de textos. Ou seja, o papel do interagente não é apenas de um bibliotecário, mas verdadeiramente de um autor, no sentido mais estrito da palavra" (PRIMO, 2003, p. 60).

 


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