Ir para página anterior Ir para próxima página

Ícone
Tópico IV - Natureza e Ambiente: Perspectiva Geográfica

Para as pessoas que vivem na Amazônia, torna-se interessante saber sobre o fenômeno que vimos na reportagem, pois acabam compreendendo o processo espacial de produção e elevação da poeira no Saara, o movimento das massas de ar que trazem essa poeira até a Amazônia e os mecanismos que permitem ocorrer a precipitação local. Além, é claro, dos possíveis perigos desse processo, já que, em algum momento do trajeto, o fenômeno pode sofrer interrupções ou mudanças de comportamento.


Esse é apenas um exemplo de como a leitura geográfica da natureza deve pautar-se nos interesses humanos que agenciam e territorializam os diferentes fenômenos, a partir das condições que permitam à vida localizar-se. Esses fenômenos são estudados pela perspectiva da ciência maior, mas podemos fazer derivar dinâmicas minoritárias dessa perspectiva, contrastando, por exemplo, formas conflitantes de modelos fixos de representação – como fizemos com a análise dos mapas que identificavam os domínios climáticos do Brasil –, ou buscar outras pesquisas que dinamizem os parâmetros científicos – como no caso da interação entre a poeira do Saara e as chuvas na Amazônia.

O pensamento científico é o nosso referencial de trabalho, mas deve ser tensionado com outras formas de pensar que rasurem as buscas uniformizantes e generalizantes do pensar arbóreo e representacional da ciência maior. Entra, aí, a arte como linguagem que potencializa leituras não pautadas na cisão homem/natureza, as quais, por meio de perceptos e afetos, instigam outras sensações e percepções dos fenômenos.

 

Caminhamos para o final deste tópico destacando que, para abordar a questão ambiental, deve-se ter claro que ela não pode se pautar numa ideia de cisão entre os elementos humanos e os elementos naturais. A questão ambiental é, na verdade, uma problemática das relações sociais humanas. Diante disso, a ideia de natureza não pode ser construída a partir de algo externo e transcendental à vida humana, ou seja, como objeto do pensamento separado do sujeito pensante.

  

A vida é devir natureza, ao qual o homem é imanente.

Para Refletir: Refletindo a Prática

Tendo como referência o sentido de natureza no contexto da sala de aula, o papel da arte se torna fundamental para trabalhar a questão ambiental. Partindo de elementos trabalhados neste módulo, convidamos você a analisar dois vídeos:

1) O Pantanal, produzido pela World Wildlife Fund (WWF); 

2) O que é Pantanal?, produzido pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), MS.

Tente, a partir dos textos e questões aqui abordados, destacar como cada vídeo compreende o sentido de natureza na produção daquele ambiente. Qual visão de ''lugar'' se coloca nos diferentes vídeos: de lugar em que a natureza é separada das relações humanas, dependendo dos homens destruí-la ou salvá-la, ou de lugar como espaço de interações, cujo processo de constituição não está finalizado?

Depois, você pode ler o artigo Pantanal entre palavra e imagem (2010) para analisar como cada vídeo entende o sentido de ciência e de como pode provocar derivas nessa compreensão maior.

Finalmente, procure pensar em como trabalhar esses vídeos em sala, interagindo com linguagens artísticas, no sentido de exercitar outras formas de pensar e também de criar maneiras para expressar a complexidade dinâmica e diversa do lugar, não restringindo o Pantanal à natureza em si, mas considerando-o como devir natural do homem. Lembramos também que essas linguagens artísticas podem ser integradas com os ambientes de produção digital.

Para auxiliar essa forma de abordagem artística sobre o Pantanal, indicamos dois artigos que discutem a poesia de Manoel de Barros sobre o Pantanal: O Pantanal é o mundo: a poesia de Manoel de Barros (2008), de Cláudio Benito de Oliveira Ferraz, e Um “desespaço” da dor em “Gramática Expositiva do Chão” de Manoel de Barros (2012), de Jones Dari Goettert.


Ir para página anterior Ir para próxima página