A partir do que vimos no Tópico I, propomos uma atividade para você exercitar a compreensão das diferentes linguagens geográficas. Para isso, indicamos que você proponha a seus(suas) alunos(as) um exercício de comparação entre duas territorialidades, a fim de analisar os referenciais geográficos do Estado frente às necessidades das populações e aos interesses de grupos políticos e econômicos. Vamos às nossas orientações.
Uma atividade como essa requer a compreensão acerca dos fatores envolvidos na construção das territorialidades analisadas. Por isso, é preciso que você selecione o material de apoio que julgar pertinente, isto é, vídeos, textos científicos e jornalísticos que ofereçam aos(às) alunos(as) um conhecimento básico acerca do assunto e procure definir de que modo eles(as) devem buscar por informações específicas e formalizar as conclusões obtidas.
Propomos algumas sugestões para a pesquisa a ser realizada pelos(as) estudantes, como a realização de entrevistas e um trabalho de campo. Se o método escolhido for a entrevista, é importante que o(a) aluno(a) saiba quem irá entrevistar e que procedimentos deve seguir para esse tipo de levantamento de informações. Se optar pelo trabalho de campo, é preciso que você, professor(a), sugira alguns locais a serem visitados, produza as condições para que isso se realize e oriente a turma de que forma uma pesquisa de campo pode ser mais produtiva.
A partir dos dados obtidos, poderá se fazer, então, a análise proposta. As conclusões dela provenientes podem materializar-se de diversas formas: a elaboração de um texto dissertativo, que abre espaço para a exposição e análise crítica das diferentes perspectivas, a produção de vídeos (do gênero documentário, por exemplo) ou até mesmo uma dramatização.
O importante é que você deixe claro quais habilidades pretendem exercitar e quais competências almejam desenvolver com cada atividade; mas, principalmente, qual o objetivo final do trabalho. Indicamos algumas abordagens que podem auxiliar vocês a pensar em atividades a serem trabalhadas. Mas, atenção: são propostas que, muitas vezes, conflitam com o que propomos aqui, portanto, você pode recriá-las na direção de nossos objetivos.
No plano de ação didática, deve constar: a turma que desenvolverá a atividade; qual parte do conteúdo oficial será abordado; quais temas serão trabalhados; quais habilidades seus(suas) alunos(as) exercitarão; quais objetivos você almeja atingir; e quanto tempo durará a atividade.
Se a opção de trabalho for a elaboração de um texto dissertativo: você pode reler, no banco de redações indicado anteriormente, as indicações para a produção textual e algumas redações para compreender os critérios adotados na avaliação. Você pode rever, também, o que os PCN têm a dizer sobre produção textual e acessar este outro texto acerca dos sentidos do ensino de Geografia. Além disso, você pode pesquisar nas orientações curriculares específicas para o ensino de Geografia e destacar quais habilidades e competências se espera que sejam exercitadas em sala de aula.
Procure ver os objetivos e o que os PCN indicam em relação ao trabalho do(a) professor(a) e o papel da geografia nesses ciclos de ensino.
Não existe um modelo nem uma receita de como elaborar a atividade, apenas indicamos como necessário haver a comparação entre duas territorialidades como forma de exercitar a análise dos referenciais geográficos do Estado, frente às necessidades das populações atingidas e aos interesses de grupos políticos e econômicos.
Tomamos como tarefa importante, destacar que o(s) lugar(es) apresenta(m) forma e paisagem que expressa(m) a dinâmica espacial conflituosa e, por isso, definem sentidos de regionalizações diferentes conforme os interesses e as necessidades em jogo.
Diante da comparação entre as escalas territoriais dos lugares abordados, cabe buscar perceber quais referenciais geográficos são eleitos e como eles configuram a leitura da forma espacial resultante.
Selecionamos algum material complementar sobre o ensino de Geografia. Siga os links!
O sertão vai virar mar?: transposição do rio São Francisco (2009), planejamento elaborado por Leda Maria Correa Moura.
O rio e a paisagem (2008), planejamento elaborado por Sandro Nunes de Oliveira.
A música nas aulas de Geografia (2012), artigo de Alexsandra Muniz.
O mundo dentro da escola: refletindo sobre os recursos hídricos com o uso do Google Earth (2009), artigo de Sarante e Silva.
Esclarecemos que as atividades que estamos sugerindo que você realize visam aprofundar a questão do pensamento geográfico para além daquele oficializado institucionalmente.
Solicitamos a elaboração de um plano de ação didática, pensando em formas alternativas de abordagem do conteúdo e de realização de atividades com os(as) alunos(as). Destacamos que o importante para essa atividade não é elaborar o melhor plano do mundo, mas buscar articular os referenciais geográficos. A intenção, portanto, é perceber que, a partir de um conteúdo oficial, podem derivar ações e pensamentos na direção de outras práticas e imaginações espaciais, daí a nossa solicitação para que vocês indiquem em qual momento do conteúdo oficial proposto para aquele ano vocês introduziriam a atividade planejada.
Essa possibilidade de produzir conhecimento a partir do uso da linguagem geográfica, na direção de exercitar formas de pensar a espacialidade dos fenômenos nos lugares em que eles acontecem, é objetivo deste curso. Nesse sentido, passaremos, no próximo tópico, a abordar mais especificamente a questão da linguagem geográfica.
