Ir para página anterior Ir para próxima página

Ícone
Tópico I - Pensar a Linguagem: a Grande Dúvida Geográfica

Nossa provocação, assim, é tentar não reduzir os referenciais geográficos a uma linguagem que uniformize a dinâmica espacial a apenas uma forma de se pensar o espaço. Os conteúdos não podem se resumir a um conjunto de nomes e dados já definidos a priori como únicos possíveis, pois eles não são o objetivo final de todo processo de aprendizagem, como muitos manuais didáticos tendem a afirmar, o que justificaria o fato de serem reproduzidos nas provas e vestibulares.

É importante trazermos essas discussões a fim de que nós, professores(as), consigamos pensar autonomamente e produzir outros saberes (como indicam os próprios PCN). Os conteúdos são, na verdade, meios para os(as) alunos(as) exercitarem habilidades e procedimentos, visando ao desenvolvimento de competências intelectuais e à tomada de atitudes que possibilitem melhor se orientarem e se localizarem no mundo, a partir do lugar em que se encontram. Os conteúdos, portanto, devem refletir a dinâmica escalar dos diferentes fenômenos na elaboração dos sentidos espaciais dos lugares, identificar as formas e a paisagem, e regionalizar os sentidos dos fenômenos no lugar em que eles acontecem. Isso pressupõe não se reduzir à reprodução de informações sobre, por exemplo, o Nordeste ou o rio São Francisco em si mesmos.

Então, não se deve mais trabalhar conteúdos como a “Transposição das águas do rio São Francisco” e a “região Nordeste”?

 

A resposta para esses questionamentos é: trabalhar esse ou qualquer conteúdo é possível, desde que ele não seja a própria finalidade do ensino, mas de forma que objetive exercitar o pensar geográfico, enquanto prática de leitura espacial dos fenômenos para além da uniformização de referenciais delimitados pelo Estado.


 

Quando solicitamos que você pensasse sobre o sentido geográfico acerca da transposição do rio São Francisco, indicamos um link de acesso sobre as redações de vestibulares que abordavam tal questão. Retornemos, pois, àquele endereço.

Ao acessarmos à página, percebemos que é solicitado a quem a acessa a elaboração de uma redação sobre a transposição das águas do rio São Francisco. A atividade foi proposta com a finalidade de analisar o conteúdo de Língua Portuguesa e a construção do tipo textual "redação". Acesse, no referido site, a algumas avaliações das melhores redações e veja os critérios eleitos para avaliar.

Nota-se que a avaliação se deu a partir das competências necessárias para o aluno aprimorar o domínio da língua e da escrita. Vejamos o que o avaliador pondera sobre a primeira redação que atingiu nota de 7,5:

 

“Seu projeto de texto abordou o tema e fez considerações válidas em torno da questão. No entanto, sua linha argumentativa não extrapolou o óbvio. Amplie seu nível de leitura para aprimorar sua percepção crítica dos fatos e realize um melhor trabalho com os recursos argumentativos (citação, ironia, fatos, dados, exemplos, comparações, contraposições, retrospectivas históricas etc.).” (BANCO..., 2012)

É importante observar que o avaliador objetiva o domínio de habilidades necessárias para a competência comunicativa, contudo, o tema e os conteúdos solicitados pelos proponentes da redação apontam para o exercício de análise espacial do fenômeno. Eles solicitam que os(as) alunos(as), por meio de uma redação, expressem suas análises de como os diferentes referenciais geográficos apontam para a construção daquele lugar. Veja o que é solicitado: "Leve em consideração os textos apresentados na coletânea para nortear suas ideias, mobilize argumentos bem fundamentados que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta." (BANCO..., 2012)

Com isso, podemos afirmar que os textos apresentados e o tipo de orientação sugerida para avaliar a questão apontam para a necessidade de os(as) alunos(as) se orientarem e se localizarem perante a problemática da transposição das águas do rio. Tal atividade, portanto, está cobrando dos(as) alunos(as) exercitar o pensar geográfico para além dos conteúdos fixos em si.


Ir para página anterior Ir para próxima página