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Tópico I - Pensar a Linguagem: a Grande Dúvida Geográfica

Retornemos a nossa experiência inicial: no momento em que você assistiu ao vídeo Onde estou? (2014) e reconheceu a imagem sonora por ele produzida denominando-a ''escola'',  provavelmente, surgiram imagens em seu imaginário, a partir da experiência que teve com a instituição de modo geral, certo?

A escola, portanto, tem uma forma imagética passível de ser identificada por todos que já vivenciaram essa espacialidade, todos sabem como é uma escola.

 

Mas, vale lembrar, você sabe disso pelo simples fato de que a escola não é só uma superfície imagética, e sim o resultado de todos os processos que ali acontecem, quer dizer, o sentido geográfico daquilo que chamamos escola não se restringe à imagem em si, também depende do modo como essa imagem toma uma forma (uma paisagem) a partir do que nós reconhecemos das ações e das vivências ali territorializadas.

Modelo de planta baixa de uma escola

Quando pensamos na forma ''escola'', não vemos apenas a sua imagem, mas os usos e vivências espaciais que tomam sentido naquele lugar. Para ser escola, tem que ter salas de aula, pátio para recreio, corredores de acesso, parte administrativa, quadra de esporte, portão de entrada, biblioteca etc.
Essa divisão de partes se dá porque identificamos os usos que ocorrem em cada porção do território escolar. Essa divisão pressupõe fluxo de pessoas, ideias e relações ali estabelecidas. Na sala de aula ocorrem determinadas ações de ensino e aprendizagem, mas também se exercitam práticas de controle, ações de indisciplina etc.

 

 

O que ocorre na sala de aula se relaciona diretamente com as ações experimentadas no pátio escolar (as brincadeiras entre os alunos, os exercícios amorosos, as práticas de perseguição, os mecanismos de fiscalização etc). A sala de aula e o pátio são lugares cujas escalas espaciais estão relacionadas com a administração escolar e assim por diante. Portanto, as várias ações e vivências, os acontecimentos que se distribuem e se relacionam em cada parte daquilo que denominamos "escola", são o que nos permitem reconhecer esse lugar com tal forma geográfica.

Essa forma, para a Geografia, não é apenas a aparência imagética do fenômeno, mas é a interação dos vários acontecimentos que ali são reconhecidos como articuladores daquela espacialidade, espaço que se expressa naquela forma, naquela paisagem. Portanto, a escola, para a Geografia, não é apenas a imagem do fenômeno, é também o lugar com as vivências e os usos  do espaço que ali se efetuam. Só assim aquele espaço se apresenta com sua forma geográfica, a sua paisagem.

Caso, em nossa experiência, você não conseguisse projetar esse reconhecimento dinâmico e vivencial, aquele lugar não seria geograficamente lido como escola, desse modo, você não conseguiria localizar o fenômeno e ficaria desorientado espacialmente. Localizar e orientar são, portanto, práticas geográficas fundamentais para a sobrevivência humana, mas isso não significa reconhecer o lugar em si, e sim identificar a relação de escalas dos diversos fenômenos que acontecem na forma percebida.

Mas, indo mais a fundo: o que significa tudo isso que acabamos de enunciar?

 

 

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