ADOLESCÊNCIA NO CONTEXTO DA CONTEMPORANEIDADE

Contemporaneidade é um termo que indica o período histórico iniciado na segunda metade do século XX, marcado mundialmente pela necessidade de ajuste na esfera política – devido à crise do socialismo, a novos estilos de conservadorismo – e nas relações econômicas internacionais – marcadas pelos contrastes econômicos, dependência entre países em desenvolvimento e aqueles que detêm o capitalismo central, existência de desemprego e de pobreza etc.

A contemporaneidade traz também profundas mudanças na estrutura familiar. Um bom exemplo delas é a crescente e marcada inserção da mulher no mercado de trabalho. Com isso, muitas vezes, as mulheres trabalham em dupla jornada (em casa e nos empregos), resultando em novas formas de distribuição de responsabilidades domésticas e familiares entre o casal frente às necessidades dos filhos.

Ao mesmo tempo, devemos considerar as novas configurações familiares, advindas, por exemplo, do divórcio, do recasamento, das uniões homoafetivas e outras composições que caracterizam as famílias nos dias atuais. Considera-se que essas novas formas de vida têm impacto sobre os lares e os filhos que neles vivem: pode-se prever o maior desenvolvimento da autonomia dos filhos, assim como a promoção de relações humanas mais respeitosas diante do convívio cotidiano e íntimo com a diversidade.
A diminuição do tempo compartilhado entre pais e filhos não se deve exclusivamente aos pais, é também causada por uma característica da adolescência. Como o adolescente vive a necessidade de se reconhecer e ser reconhecido como pessoa autônoma, ele tende a buscar essa condição por meio do afastamento dos pais, passando a procurar nos amigos o acolhimento e o diálogo, antes buscados no relacionamento familiar.

 

Figura Mockup
Figura 7: Representação da exposição dos adolescentes à tecnologia na atualidade. Fonte: NUTE-UFSC (2016).

E, por fim, outro fator da contemporaneidade a ser pensado é a exposição intensiva à TV e aos games, que afeta a formação do pensamento das crianças e dos adolescentes na medida em que esses aparelhos representam, ao mesmo tempo, um cuidador (uma "babá eletrônica"), um antídoto contra a solidão e uma importante alternativa de lazer. O número elevado de horas de exposição à TV e aos jogos eletrônicos contribui para inserir crianças e adolescentes em cadeias de consumo, por meio das propagandas e da “pedagogia” inscrita no formato e nos conteúdos da programação infanto-juvenil.