NEUROBIOLOGIA: MECANISMOS DE REFORÇO E RECOMPENSA
E EFEITOS BIOLÓGICOS COMUNS ÀS DROGAS DE ABUSO
O termo reforço, bastante usado na área de Neurobiologia, refere-se a um estímulo que fará com que um determinado comportamento ou resposta se repita normalmente devido ao prazer que causa (reforço positivo) ou ao desprazer e desconforto que é aliviado por meio desse comportamento (reforço negativo). Por exemplo, quando você come uma comida deliciosa como um um bombom de chocolate, mesmo sem estar com fome, o alimento é um reforço positivo. Quando você come uma comida de que não gosta, somente porque está com muita fome e aquela é a única comida disponível, a comida é um reforço negativo, porque alivia uma sensação ruim, de desconforto – a fome.
Como as drogas de abuso aumentam a liberação de dopamina no núcleo accumbens, as pessoas podem usar drogas porque querem ter uma sensação de bem-estar, de alegria (reforço positivo). As pessoas também podem usar drogas porque estão tristes, deprimidas ou ansiosas e querem aliviar essas sensações ruins, nesse caso, procuram a droga pelo seu poder reforçador negativo. Essa propriedade reforçadora da droga, que causa prazer ou alivia sensações ruins (por exemplo, a síndrome de abstinência na ausência da droga), aumenta a chance da reutilização da droga.
O uso repetido de drogas de abuso produz alterações no SNC que podem levar às alterações comportamentais (tolerância e/ou sensibilização). Essas alterações comportamentais contribuem para aumentar a saliência do incentivo e o desejo de consumir mais drogas.
Quando uma droga é administrada repetidamente e não provoca mais o mesmo efeito, ou é preciso aumentar a dose para ter a mesma sensação, diz-se que a pessoa está “tolerante” ao efeito da droga. Esse fenômeno, a tolerância, é comumente encontrado nas pessoas que se tornaram dependentes das drogas. Isso é relativamente comum com drogas depressoras, como benzodiazepínicos, barbitúricos e altas doses de álcool.
Lembre-se:
Outras substâncias podem desencadear um efeito inverso ao da tolerância: ao invés de uma redução do efeito, ocorre um aumento do efeito após repetidas administrações. Esse processo é chamado de sensibilização e ocorre com drogas estimulantes, como anfetamina e cocaína, ou com doses baixas de álcool. Sabe-se que a tolerância e a sensibilização estão relacionadas, pelo menos em parte, com a forma de uso da droga (intervalo entre as doses e via de uso). A sensibilização pode ser mensurada de forma comportamental pelo aumento progressivo dos efeitos motores (e locomotores) causados pela administração repetida das drogas de abuso.
Geralmente, o uso de drogas causa tolerância; no entanto, o uso de drogas estimulantes da atividade locomotora, gera, normalmente, sensibilização.
Sensibilização: a mesma dose inicial passa a desencadear
um efeito inicial maior.
Nos estados de abstinência das drogas de abuso, em geral, a pessoa apresenta sintomas opostos aos observados quando ela está sob o efeito agudo das drogas. Nesses casos, observa-se uma depleção dos níveis de dopamina (isto é, uma redução importante devido ao excesso de liberação que ocorreu durante o uso da droga), principalmente no núcleo accumbens. Provavelmente isso desencadeie um forte desejo (fissura) de usar a droga novamente.